terça-feira, 24 de junho de 2008

Cigarros

Treze cigarros. Cinco cigarros por semana e já era vício. Fumara treze. Treze. Treze. Treze cigarros na última semana. A OMC ou algo que o valha já a considerava uma fumante, alguém com dependência em nicotina, com aquele pulmão preto e os dentes amarelados.
Podia ficar com as pernas grangrenadas, podia perder os dentes que já estariam amarelos há muito tempo, podia abortar se estivesse grávida e, se não abortasse, podia ter um filho cego, surdo ou doente mental. O bebê podia nascer sem pernas, ter distúrbios neurológicos, ser asmático.
Se fosse homem, ela seria impotente. Impotente, meu Deus, dá pra imaginar a desgraça, o sofrimento, o problema de um pau mole?
Sim, é claro que pararia de fumar. Pararia de fumar, arrumaria a casa, cuidaria dos cabelos e iria à manicure toda semana. Toda sexta-feira ela faria as unhas, e faria dieta e se matricularia na academia.
Também voltaria ao inglês, começaria a pós-graduação e, por que não, arranjaria um namorado. Por que não? Já não estava na hora de investir em um relacionamento? Que sabe pensar em um namoro mais duradouro mesmo, não estava tão mal assim que não pudesse arranjar homem. Não estava, não é mesmo? Não estava, não podia estar.
Estava mesmo era cansada. Não passa nada nessa porra de TV, que saco, a TV é um merda. Vou cancelar essa assinatura.
Ai, meu, Deus, o dinheiro não vai dar nunca até o mês que vem. Droga, droga o cheque especial tá estourado, tinha que ter conferido esses extratos antes do fim de semana.
Mais um cigarro. Quatorze. Quatorze cigarros na semana. Mas seria o último... já é domingo, e já está tarde. Ela deve dormir daqui a pouco. Mas domingo não é o primeiro dia da semana? Ai, meu Deus, então pra essa semana imensa só restam quatro.

1 comentários:

Anônimo disse...

é muito fácil sair por aí perguntando o porquê das coisas. eu sempre faço isso. parece até que alguém vai responder.
beijo, mandoca