terça-feira, 24 de junho de 2008

Adeus, vida velha (trecho 1)

"Mais um dia...
Ou menos um dia, responde o cara da mesa ao lado.
Ele, que não é dado a essas profundidades do pensamento, sente acender-se subitamente uma idéia: os meus dias estão somando-se ou subtraindo-se? A indagação não fazia sentido. Reformulou: cada ano é mais um ano ou menos um ano? Ainda sentia a pergunta confusa demais.
Esforçou-se, e sublimou a dúvida: estou caminhando para um ponto de chegada ou para o abismo? Sabia que abismo era sua metáfora para o nada, o fim: quando pensava em morte, imaginava buracos enormes, penhascos de imensas montanhas. No entanto, não sabia a que associar ponto de chegada, estando aquele segundo conceito inatingível demais, impreciso demais, luminoso e obscuro ao mesmo tempo. Ele precisava pensar em termos mais simples, o que tornava, portanto, desagradável refletir sobre pontos de chegada. Além do mais, esse não era o problema aqui. Assim, voltou a concentrar-se na reflexão anterior.
A palavra abismo, com todos os seus claros significados, evocou imagens: pensou em uma ampulheta (quase seis minutos para recordar aquele nome), com os grãozinhos de areia caindo, caindo e acabando. Depois lembrou-se do email clássico que pergunta se um copo pela metade está meio cheio ou meio vazio".

1 comentários:

Anônimo disse...

putz, esse email.
cara, se eu fiz 25 dia 21, posso dizer que há 25 anos e 3 dias estava menos perto do dia que vou morrer, se o termo final já estava mesmo pré-estipulado.

tá difícil comentar aqui, que burocracia.