quinta-feira, 17 de março de 2011

para o meu tuller lacerda

A manhã está, é claro, terrivelmente quente. No entanto não controlo minha vontade de tomar café. Sento sozinha e peço um expresso duplo, penso no tempo e lembro das conversas com um amigoque não vejo há muitos meses. Meu amigo das conclusões duras e dos cafés à tarde, quando estávamos ambos tão perdidos e tão à toa que a solução só poderia ser exatamente essa: café, à tarde. Prometo a mim mesma que vou telefonar para ele e contar dos meus dias nessa rotina distante.

Volto a experimentar meu velho sentimento de inadequação, que é um mix de insegurança e ansiedade psicanaliticamente complicado de compreender, até para mim mesma. Ando com tão boa memória e tão dona dos meus horários que frequentemente surpreendo minha própria esquisitice, e calmamente acho graça.

Largar o vício de trazer a alma sempre sobressaltada traz algumas surpresas deliciosas e inesperadas. Acho que talvez seja uma compensação a esse martírio que é mudar. Desgosto do processo de mudar. Mas dessa vez me senti realmente recompensada, como se tivesse sobrevivido ao infernal trabalho de garimpar a mim mesma para terminar com algum ouro acumulado no final.

0 comentários: